Editorial: “Vendedores de almas”

Manoel Alves

Estamos em ano de eleições municipais, o que por si só, já é um certo dilema para o eleitor de Guarapari, que nos últimos anos teve como opção votar no menos pior. E isso tanto para Executivo quanto para o Legislativo. E esse ano, posso lhes assegurar, as opções nunca foram de tão difícil escolha. É quase que errar, ou errar! Já ouviu aquela frase: no mato sem cachorro?

Eu acompanho a política de Guarapari desde os anos 90, quando pude atuar tanto na Prefeitura como na Câmara Municipal, sempre trabalhando na comunicação, quando tive a felicidade de ser Assessor de Imprensa do Legislativo com Marco Antônio Nader Borges, como presidente, período em que aprendi muito sobre nossa política.

Há anos venho escrevendo sobre a escassez de lideranças políticas em nossa cidade e a maior prova disso, são as vezes que o atual prefeito de Guarapari foi eleito, e em sua maioria, foi eleito como o menos pior. A política nacional tem afastado as pessoas de bem, e é aí, que as raposas e aqueles sem preparo administrativo, mas com poder de enganação, entram em cena.

Há anos escuto das pessoas (leigas), que é preciso mudar. Mas, sempre afirmo, não basta mudar, resta saber para onde estamos mudando. Mudar por mudar é retroceder. Mudar, pode se mudar para pior, e daí, vale a pena?

Política não é uma brincadeira, e Guarapari não é um quintal como muitos acham.

Ainda estamos na fase de pré-campanha, mas já observamos um grande circo armado com inúmeros pré-candidatos vivendo uma fantasia como se estivessem num eterno primeiro de abril. Para início de conversa, (sem querer desmerecer ninguém), quem dos nomes que querem ser prefeito de Guarapari, tem capacidade comprovada para tal? Qual deles administrou o que? Repetindo, Guarapari não é um quintal, pelo contrário, é um dos municípios mais importantes do ES e isso é preciso ser levado a sério, caso contrário teremos um retrocesso sem tamanho.

Com a falta de lideranças políticas (digo LIDERANÇA), pessoas sem qualquer projeto político e sem qualquer comprometimento com o município sonham ser prefeito, por pura vaidade pessoal ou ganancia de poder. São justamente esses que querem transformar a Prefeitura num grande leilão. Tem candidato que não quer administrar Guarapari, quer ser prefeito, não se importando com quem irá mandar, não importando com o município. Só quer ser prefeito. Políticos conhecidos por não honrarem seus compromissos de campanhas anteriores já estão embarcando numa nova e desta vez prometendo muito mais. A gente observa as conversas à bocas miúdas, as falsas promessas. Tem pré-candidato à prefeito que pelo jeito está prometendo não apenas secretarias e cargos de segundo escalão, mas até Ministério no Governo Federal.

E para vereador não é diferente. Tem pré-candidatos que são verdadeiros vendedores de almas. Observamos conversas de pré-candidatos onde prometem terreno em alto mar e casa no céu. Prometem cargos na prefeitura como se estivesse disputando para prefeito e não para vereador. É tanta ganancia de poder, de ter um mandato que vendem até alma da mãe. Aqueles que ainda tem, os que não tem mãe, vendem a própria alma. Para esses o importante é conseguir uma mandato a qualquer custo!

Pessoas de diferentes correntes, outras de corrente alguma, querem se juntar com o único objetivo que é alcançar o PODER, é alcançar a chave da Prefeitura (cofre). Politicos do estado, também de diferentes correntes, e que passam por Guarapari a passeio no verão ou em período de campanha, querem agora um prefeito pra chamar de seu!

Pobre Guarapari, pobre de nós eleitores!

(Manoel Alves é Diretor/Editor do portal Imprensa Capixaba)

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